Métodos de imagem auxiliam o diagnóstico de endometriose | Revista Médica Ed. 1 - 2015

O diagnóstico da endometriose representa uma das maiores dificuldades na prática médica devido às manifestações inespecíficas da doença e às difi culdades para detectá-la ao exame físico e ginecológico

O diagnóstico da endometriose representa uma das maiores dificuldades na prática médica devido às manifestações inespecíficas da doença e às dificuldades para detectá-la ao exame físico e ginecológico. Para ter uma ideia, na maioria das pacientes há um intervalo de sete a nove anos entre o início dos sintomas e a descoberta da condição. Nesse sentido, métodos como a ultrassonografia transvaginal e a ressonância magnética da pelve, desde que feitos por especialistas em endometriose, têm grande importância no mapeamento da doença, oferecendo visão complementar dos sítios mais acometidos.

A investigação deve começar com a ultrassonografia transvaginal com preparo intestinal, o qual inclui a véspera e o dia do exame e compreende o uso de laxantes por via oral, a adoção de uma dieta específica e a aplicação de lavagem por via retal. Esse requisito melhora a capacidade de visualização do método, permitindo não somente a análise dos órgãos ginecológicos, mas também dos locais mais frequentemente afetados pela doença, a exemplo da região retrocervical, do retossigmoide, da cúpula vesical, dos fórnices vaginais e do septo retovaginal. Sobretudo no retossigmoide, a ultrassonografia identifica os implantes endometrióticos com elevada acurácia, o que possibilita até mesmo a determinação das camadas comprometidas pelo foco de endometriose. O exame ainda está recomendado para a avaliação de massas anexiais, a fim de diagnosticar ou excluir o endometrioma ovariano. 


Já a ressonância magnética da pelve tem se mostrado útil em casos de dúvidas à ultrassonografia, especialmente para o diagnóstico diferencial dos cistos ovarianos, e quando há envolvimento dos ureteres, de plexos nervosos e do assoalho pélvico, além de ser o método de escolha para o diagnóstico em adolescentes e mulheres virgens. Por sua capacidade multiplanar e excelente resolução anatômica, o recurso propicia uma visão panorâmica da pelve e dos inúmeros sítios que a endometriose costuma comprometer. Na prática, a ressonância complementa o estudo ultrassonográfico na avaliação pré e pós-operatória, sobretudo em pacientes com múltiplas lesões e em processos com muitas aderências. Para completar, permite a realização de uma sequência urográfica na mesma oportunidade, com o propósito de analisar os ureteres.


 

RM de pelve em corte axial demonstra lesão de endometriose na região retrocervical à esquerda (setas), com extensão para a fossa pararretal, para a fáscia pré-sacral no plano de S3 a S5 e junto ao trajeto do plexo lombossacral inferior esquerdo.

ARQUIVO FLEURY


 

US transvaginal com preparo intestinal aponta lesão de endometriose profunda, infi ltrando a parede do retossigmoide até a camada muscular própria interna (setas).

ARQUIVO FLEURY


Assessoria Médica
Dra. Luciana Pardini Chamié