Ressonância magnética com carga no manejo da dor lombar
A ressonância magnética (RM) convencional possui alta resolução espacial e de contraste, sendo o método de escolha para o diagnóstico e a programação cirúrgica das afecções da coluna vertebral.
As compressões das raízes nervosas e do canal vertebral, assim como as alterações nas articulações interapofi sárias, são causas comuns de dor lombar e com frequência muitos pacientes relatam que os sintomas se exacerbam em posição ortostática ou em movimento.
Apesar das grandes vantagens apresentadas pela RM convencional, em alguns casos pode haver dissociação entre os achados clínicos e o estudo de imagem. Nessas circunstâncias, a realização do exame com carga pode ser uma ferramenta valiosa.
Com a utilização de carga axial sobre a coluna vertebral durante o estudo de imagem, é possível observar com mais clareza e cuidado as repercussões do peso corporal sobre discos intervertebrais, raízes nervosas, canal vertebral e articulações interapofi sárias, o que permite um diagnóstico mais preciso.
RM com carga na prática clínica
A RM com carga apresenta maior sensibilidade para detecção das alterações na coluna vertebral, auxiliando o diagnóstico e o tratamento dos pacientes.
Em um estudo com 54 pacientes com dor lombar, submetidos a avaliações com e sem carga, 13 (24,5%) apresentaram estenose do canal vertebral na RM com carga, alteração que não foi vista na RM convencional.1
Ainda conforme resultados desse estudo, a nova modalidade de imagem também foi capaz de detectar, com maior precisão, cistos sinoviais, espondilolisteses e artropatia das articulações interapofi sárias, além de estenoses dos forames neurais.
Área seccional do saco dural e número de estenoses graves identificadas em pacientes submetidos à RM convencional e à RM com carga axial
Estenose grave: área seccional do saco dural menor que 75 mm²; alteração significativa entre RM convencional e RM com carga: >10%; ASSD: área seccional do saco dural; DP: desvio-padrão.
Caso 1
Paciente de 60 anos com dor lombar crônica.
RM sem carga (A) e com carga (B): sequências sagitais ponderadas em T2 apresentam discreto aumento da anterolistese de L4 no estudo com carga axial (cabeças de seta).
RM sem carga (C) e com carga (D): sequências axiais ponderadas em T2 mostram redução dos forames intevertebrais de L4-L5 (cabeças de seta), assim como da área seccional do saco dural após carga axial.
Caso 2
Paciente de 60 anos com dor lombar crônica e irradiação para membros inferiores.
Após a realização da RM convencional, o paciente deve vestir um colete (setas/setas curtas), que simula a carga axial sobre a coluna vertebral por meio de bandas elásticas fixadas na base do equipamento (setas longas). O total da carga aplicada é devidamente mensurado por meio de uma balança e corresponde à metade do peso total do paciente.
Como é feita a avaliação de RM com carga no Fleury
Para a realização da RM com carga, o Fleury utiliza um protocolo específi co, no qual os pacientes são orientados e acompanhados integralmente por médicos especialistas em diagnóstico osteomuscular.
O estudo com carga é feito no mesmo aparelho da RM convencional, com o paciente em decúbito dorsal. No entanto, por meio de um dispositivo disponível em nosso serviço, é possível simular a carga axial sobre a coluna vertebral. O total da carga aplicada é de 50% do peso corporal do paciente, distribuído igualmente em cada membro inferior (25% em cada perna).
O estudo dura cerca de 30 minutos e começa com a RM sem carga. Após o término da aquisição das imagens iniciais, o paciente é submetido à carga axial na coluna vertebral por dez minutos consecutivos e, posteriormente, reposicionado no equipamento para uma nova obtenção de imagens.
O exame faz, portanto, duas aquisições, uma sem carga e outra com carga, possibilitando uma avaliação mais precisa e detalhada, que auxilia o médico-assistente na escolha da melhor terapêutica para cada paciente.
Referência
1. Kim YK, Lee JW, Kim HJ, Yeom JS, Kang HS. Diagnostic advancement of axial loaded lumbar spine MRI in patients with clinically suspected central spinal canal stenosis. Spine (Phila Pa 1976). 2013;38(21):E1342-E1347.
Consultoria Médica
Dra. Isabela Azevedo Nicodemos da Cruz
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