Alergia alimentar: saiba o que causa e como diagnosticar

As alergias alimentares ocorrem entre 4% a 6% em crianças e em torno de 5% nos adultos.

Muitas vezes confundida com a intolerância (a intolerância à lactose é um exemplo), a alergia alimentar deve ser diagnosticada de maneira apropriada, para evitar exclusões desnecessárias de alimentos e assim, comprometer a saúde.

O que são alergias alimentares

A alergia alimentar engloba as reações adversas que envolvem o sistema imunológico. São reprodutíveis e induzidas por proteínas alimentares, que ocorrem em indivíduos geneticamente predispostos.

Geralmente as manifestações clínicas ocorrem após ingestão do alimento, mas também podem ocorrer após contato direto na pele, pelos resquícios de alimentos nas mãos ou talheres e outros utensílios e por via inalatória, mais raramente.

Tipos de alergia alimentar

Mediada por IgE ou imediata

Os sintomas desencadeados pela alergia alimentar mediada por IgE (anticorpo da classe E) tendem a surgir, em sua maioria, minutos ou até duas horas após a ingestão do alimento.

Nas pessoas propensas ao desenvolvimento da alergia alimentar, é produzido um anticorpo específico para um determinado alimento. 

Quando o mesmo alimento é consumido novamente, a reação ocorrerá rapidamente, podendo provocar sintomas variados em diferentes órgãos, como pele (urticária e inchaço ou angioedema), aparelho digestivo (vômitos, diarreia, cólicas), aparelho respiratório (tosse, falta de ar).

Não mediada por IgE ou tardia

Diferentemente da alergia alimentar mediada por IgE, os sintomas surgem mais tardiamente, podendo demorar algumas horas ou até dias após a ingestão do alimento que pode causar a alergia e não há participação da IgE específica.

Os sintomas estão localizados no trato gastrintestinal, como diarreia com ou sem sangue visível nas fezes, refluxo gastroesofágico, cólicas, distensão abdominal, baixo ganho de peso, e outros.

São manifestações não mediadas por IgE: proctites, enteropatia induzida por proteína alimentar, síndrome da enterocolite induzida por proteína alimentar (FPIES), hemossiderose induzida por alimento (síndrome de Heiner), dermatite herpetiforme, doença celíaca e dermatite de contato por alimento.

Mista

Como o próprio nome já diz, a alergia alimentar mista engloba reação mediadas e não mediadas por IgE. Com isso, o tempo de aparecimento dos sintomas é variável, podendo ser imediato ou demorar dias para surgirem.

Dentre as doenças que tem como causa alergia alimentar mista temos: enterocolite eosinofílica (dor abdominal, náuseas, vômitos, diarreia, perda de peso), esofagite eosinofílica (dificuldade para engolir, sensação do alimento preso no esôfago, refluxo) e dermatite atópica (coceira e lesões avermelhadas e descamativas na pele).

Quais alimentos estão mais implicados com as alergias alimentares

Leite, ovo, soja, trigo, amendoim, castanhas, peixes, frutos do mar, sementes (gergelim, linhaça, chia, mostarda) e algumas frutas (banana, mamão, kiwi) são os principais responsáveis pelas alergias alimentares.

É importante mencionar que qualquer alimento pode desencadear uma reação alérgica.

Como é feito o diagnóstico de alergia alimentar

A história clínica é fundamental, pois o tipo de exame a ser solicitado depende do mecanismo imunológico envolvido na possível alergia.

É importante mencionar que para a investigação das reações alérgicas tardias, que não são mediadas por IgE, em nada contribui a mensuração da IgE (popularmente conhecida com o nome de RAST).

No caso da alergia mediada por IgE, a pesquisa da IgE específica a fonte total ou seus componentes, testes cutâneos de leitura imediata (ou prick teste) e teste de provocação oral (TPO) são alguns exames que podem ser indicados pelo alergista nessa investigação.

Atenção para resultados negativos, pois algumas vezes a pessoa pode apresentar reação, o que implica na necessidade da avaliação pelo especialista. E o contrário também é válidos: testes alérgicos positivos sem sintomas condizentes afasta alergia.

Estratégias de prevenção de reações

Algumas medidas são importantes:

• saber os nomes dos alimentos que podem causar a reação e suas sinonímias, motivo pelo qual a leitura dos rótulos é necessária;
• saber quais alimentos têm possibilidade de causar reação cruzada;
• ter cuidado no preparo do alimento para evitar o contato cruzado;
• funcionários de escolas devem estar cientes da alergia alimentar e todos devem saber identificar uma reação alérgica aos alimentos e terem noções básicas de primeiros socorros;
• todos os pacientes devem ter um plano de ação, uma carteirinha de identificação da alergia e o contato do médico assistente e da unidade de emergência mais próxima para o controle de reações por contato inadvertido.

Fonte: Alergia Alimentar: asbai.org.br