Como detectar e acompanhar a retinopatia diabética? | Revista Médica Ed. 4 - 2012

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Definida como uma complicação microvascular específica do diabetes mellitus (DM), a retinopatia diabética (RD) constitui a principal causa de cegueira evitável na população economicamente ativa (20-74 anos), sobretudo quando a doença chega a seu estágio proliferativo, caracterizado pela presença de neovascularização na retina e/ou no disco óptico. Para ter uma ideia, identificam-se sinais de RD em cerca de um terço dos 246 milhões de portadores de DM. Após 15-20 anos do diagnóstico, a retinopatia ocorre em quase todos os pacientes com diabetes tipo 1 e em mais de 60% daqueles com diabetes tipo 2.

Estudos epidemiológicos sugerem que a doença ocular, ainda que na forma leve, associa-se ao dobro ou até ao triplo de risco de infarto do miocárdio, síndrome coronariana e falência do miocárdio, de modo independente dos fatores de risco cardiovascular. O fato é que a retinopatia parece ser um marcador de doença sistêmica, devendo-se, portanto, intensificar o acompanhamento clínico desses pacientes.

Na prática, a Academia Americana de Oftalmologia recomenda o primeiro exame oftalmológico entre três e cinco anos após o diagnóstico de diabetes tipo 1 ou, então, logo após a confirmação da doença endócrina, no caso de diabetes tipo 2. A avaliação tem de incluir exame de fundo de olho com oftalmoscopia indireta e/ou retinografia. A periodicidade desses testes deve ser anual, independentemente do tipo de DM. A avaliação mais frequente e a utilização de outros exames, como a angiofluoresceinografia e a tomografia de coerência óptica (OCT), podem ser úteis para o acompanhamento da evolução do quadro ou da estratégia terapêutica em pacientes selecionados.

Uma vez feito o diagnóstico da RD, a fotocoagulação com laser permanece como a essência da terapia oftalmológica da condição, embora os estudos clínicos já apontem benefícios anatômicos e visuais para os portadores de maculopatia e retinopatia diabética proliferativa após a injeção de anticorpos que bloqueiam o fator de crescimento do endotélio vascular (VEGF). A cirurgia de vitrectomia vem sendo indicada para tratamento do edema macular refratário ao laser, especialmente na presença de componentes tracionais, tais como tração vitreomacular, membrana epirretiniana e descolamento de retina próximo à região da mácula.

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Manejo de gestantes diabéticas diante do risco de retinopatia

Na gestação, a retinopatia merece seguimento ainda mais rigoroso devido à sua progressão acelerada, mesmo nas grávidas sem sinais da doença. Afinal, o descontrole glicêmico, a alteração hemodinâmica e o aumento sérico de citoquinas, como IGF-1, proteína ligadora de IGF fosforilada, fator de crescimento placentário, endotelina 1 e fator de crescimento de fibroblasto 2, têm sido citados como causadores da RD. Dessa forma, preconiza-se uma avaliação oftalmológica mais frequente nas gestantes, com intervalos variando conforme o quadro retiniano apresentado. Pelo mesmo motivo, as diabéticas que desejam engravidar devem ser submetidas a mapeamento de retina antes mesmo da gestação e já no primeiro trimestre.

 
Angiofluoresceinografia mostra doença proliferativa: à esq., com neovascularização retiniana na área
demarcada e, à dir., com áreas de isquemia retiniana.

 

Exame de fundo de olho aponta descolamento tracional da retina.

 

Assessoria Médica em Oftamologia 
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