Caso Clínico Experiência Oncotype DX®- edição 9

Especialistas referência compartilham experiências em casos clínicos nos quais o teste os auxiliou

Estamos presenciando um rápido processo de individualização do tratamento oncológico no âmbito molecular, com o desenvolvimento de ferramentas que nos ajudam a identificar tanto as pacientes que se beneficiam de determinada abordagem, quanto aquelas que podem ser poupadas de tratamentos desnecessários.

Nesse contexto, o teste Oncotype DX Breast Recurrence Score (Oncotype DX®) permite uma abordagem personalizada do tratamento adjuvante dos pacientes com câncer de mama. Com base no seu resultado, podemos determinar o risco de recorrência da neoplasia e adaptar a estratégia terapêutica de acordo com o perfil genômico do tumor de cada paciente. Através da análise de 21 genes por RT-PCR, o teste pode identificar pacientes com baixo risco de recorrência, nas quais a quimioterapia adjuvante pode ser omitida sem comprometer os desfechos clínicos. Ao promover a possibilidade de personalizar o tratamento, o teste pode evitar toxicidades agudas e tardias inerentes ao tratamento citotóxico em parte das pacientes, bem como ajudar a economizar recursos do sistema de saúde.

A seguir, apresentamos o caso de uma paciente do sexo feminino, 62 anos, pós-menopausada, com obesidade grau 1, antecedente de diabetes mellitus e hipertensão arterial sistêmica. Em agosto de 2022, foi diagnosticada com carcinoma invasivo de mama grau 1 com receptores hormonais positivos e HER2 negativo, estágio clínico prognóstico cT2 cN0 M0 – IB.

Em setembro do mesmo ano, a paciente passou por procedimento de quadrantectomia a esquerda com esvaziamento axilar, ocasião em que o resultado anatomopatológico confirmou o diagnóstico de carcinoma invasivo sem tipo especial na mama esquerda em estádio prognóstico patológico pT2 pN0 M0, com tumor invasivo de 2,4 cm, grau histológico 1, grau nuclear 2, receptor de estrógeno positivo 100%, receptor de progesterona positivo 90%, HER2 negativo e Ki67 20%. Não apresentava invasão angiolinfática. Foram ressecados 7 linfonodos e todos estavam livres de comprometimento neoplásico.

Na primeira consulta oncológica após a cirurgia, a paciente questionou sobre o início do tratamento complementar adjuvante com quimioterapia, pois entendia que com ele teria maiores chances de cura. Informamos que atualmente dispomos de testes moleculares para guiar a decisão de oferecer ou não este tratamento. Em conversa com a paciente, apresentamos a opção de realizar o Oncotype DX®, um teste molecular validado para esse contexto clínico no estudo de fase III TAILORx, que randomizou pacientes com câncer de mama receptor hormonal positivo e pós-menopausadas para receberem adjuvância com quimioterapia seguida de bloqueio hormonal, ou somente terapia hormonal, de acordo com escore de risco de recorrência validado em estudos prévios.

A paciente concordou com a nossa indicação e o material tumoral foi submetido ao teste Oncotype DX®, evidenciando um resultado Recurrence Score (RS) de 7, valor que indica bom prognóstico com hormonioterapia adjuvante, como o tratamento sistêmico adjuvante exclusivo. Dessa forma, adicionalmente à radioterapia adjuvante, foi oferecida terapia hormonal adjuvante com o inibidor de aromatase anastrozol, medicação que a paciente usa até os dias atuais com ótima tolerância e entendimento da razão de omitir a quimioterapia no seu caso.

Em resumo, a opção de realizar o Oncotype DX® foi fundamental na conduta clínica do caso. O resultado nos deu segurança para personalizar o tratamento, poupando a paciente dos tratamentos com quimioterapia e dos efeitos colaterais associados.



Colaboração:

Dr. Renan Carvalho é Oncologista com Residência em Oncologia Clínica - ICESP-USP; Título de Especialista em Oncologia Clínica – SBOC; Oncologista da Clínica San Giovanni - Aracaju-SE.

Dr. Willian Giovani é Oncologista Clínico da San Giovanni Oncologia e da UFS/Ebserh; Mestre em Ciências da Saúde.