Angioedema hereditário

O angioedema hereditário (AEH) é uma doença rara marcada por episódios recorrentes de angioedema.

Com prevalência estimada de 1: 60.000, o angioedema hereditário (AEH) é uma doença rara marcada por episódios recorrentes de angioedema, sem urticária ou prurido, que acometem mais frequentemente o tecido subcutâneo e as mucosas do trato respiratório alto e gastrointestinal.

A forma mais frequente da condição tem padrão de herança autossômico dominante e está associada ao gene SERPING1, localizado no cromossomo 11, com mais de 500 variantes já identificadas. Em até 25% dos casos, não há história familiar, caracterizando mutação “de novo”. O inibidor de C1 (C1-INH), enzima codificada por esse gene, está relacionado à fisiopatologia da doença. A deficiência ou disfunção do C1-INH levam à produção excessiva de bradicinina, um potente mediador da vasodilatação, com efeito também na permeabilidade vascular. O AEH, portanto, distingue-se daquele visto nas reações alérgicas, uma vez que a histamina e outras substâncias liberadas pelos mastócitos não estão envolvidas no quadro, que pode se apresentar em três tipos diferentes.



Uma fração menor de pacientes pode apresentar angioedema adquirido (AEA), que se caracteriza por ausência de história familiar, início tardio dos sintomas, baixos níveis séricos de C1q e necessidade de doses maciças de C1-INH durante a terapia. Pode se associar a doenças linfoproliferativas B com gamopatia monoclonal (AEA tipo 1) ou a autoanticorpos anti-C1-INH (AEA tipo 2).

A maior parte dos episódios de angioedema por deficiência ou disfunção de C1-INH ocorre espontaneamente e, sem tratamento, dura entre dois e cinco dias. Os locais mais afetados abrangem face, extremidades, trato digestório, genitália, orofaringe e laringe. O comprometimento dessas áreas se traduz por sintomas como edema subcutâneo ou submucoso das áreas afetadas, diarreia, vômitos e dor abdominal. Já o envolvimento da laringe implica maior gravidade e mortalidade devido ao risco de asfixia. Em cerca de 40% dos pacientes, as manifestações começam antes dos 5 anos de idade e, em 75%, até os 15 anos.


Investigação diagnóstica

O diagnóstico do AEH baseia-se essencialmente na história clínica e familiar sugestiva e nos achados do exame físico durante as crises. A confirmação, entretanto, depende dos testes laboratoriais, que devem ser feitos e, idealmente, repetidos – observam-se níveis baixos do componente C4 do complemento associados à deficiência quantitativa (85% dos casos) ou funcional (15% dos casos) do C1-INH.

Vale ponderar que os casos com alteração quantitativa de C1-INH, especialmente em pacientes com início dos sintomas acima de 40 anos, merecem o diagnóstico diferencial com o AEA, que pode ser inicialmente investigado pela dosagem de C1q – nessa forma da doença, esperam-se níveis baixos. Já para os pacientes em que a suspeição clínica se mantém importante, mas os exames não se mostram alterados, sugere-se investigar a possibilidade de AEH com C1-INH normal (tipo 3), relacionado à participação de outros genes, como o FL12.

Nessas situações, assim como nos casos de diagnóstico indefinido, apesar da investigação tradicional, e em recém-nascidos e crianças pequenas, que podem apresentar alterações fisiológicas devido à imaturidade do sistema complemento, o painel genético para angioedema hereditário pode ser útil para esclarecer o quadro. O teste, disponível no Fleury, inclui a análise dos genes ANGPT1, FL12 e PLG, além do SERPING1, e é realizado por sequenciamento de nova geração.

O aconselhamento genético mostra-se fundamental para os indivíduos com AEH, uma vez que todos os parentes de primeiro grau podem ser assintomáticos e, portanto, devem passar por rastreamento.

O diagnóstico correto e oportuno tem grande impacto na qualidade de vida e no prognóstico desses pacientes. O tratamento do AEH contempla orientação específica, controle das crises, quando ocorrem, e profilaxias de curto e longo prazo.


Painel genético para angioedema hereditário

Exame complementar com utilidade em:

  • Suspeita de AEH com C1-INH normal
  • Diagnóstico indefinido, apesar da investigação
  • Discrepância entre quadro clínico e testes laboratoriais
  • Recém-nascidos e crianças pequenas
  • Aconselhamento genético

CONSULTORIA MÉDICA

Reumatologia e Imunologia

Dr. Alexandre Wagner Silva de Souza
[email protected]

Dr. Sandro Félix Perazzio
[email protected] 

Dr. Luis Eduardo Coelho Andrade
[email protected] 

Genética

Dra. Caroline Olivatti
[email protected] 

Dr. Wagner Antonio da Rosa Baratela
[email protected]