Painel genético para baixa estatura

Painel genético é mais um recurso para o diagnóstico etiológico de casos selecionados da condição.

O crescimento linear na infância é um processo bastante complexo, regulado e influenciado pelas condições pré-natais e por fatores genéticos, hormonais, nutricionais e
ambientais. A baixa estatura (BE) é definida como a medida da estatura abaixo de dois ou mais desvios-padrão ou abaixo do percentil 2,5% da média para idade, sexo e grupo populacional, comparação que pode ser obtida em diversas curvas populacionais. O quadro está entre as queixas mais frequentes na Endocrinologia Pediátrica.

A BE pode ocorrer de forma não patológica em crianças que seguem o padrão familiar ou reverter espontaneamente em crianças com atraso puberal. Ademais, algumas causas da condição podem ser identificadas pela história, exame físico e testes laboratoriais convencionais, a exemplo do hipotiroidismo, da doença celíaca e da deficiência do hormônio de crescimento. Contudo, para uma grande parcela dessas crianças, a etiologia da BE não é definida nessa investigação inicial. Um fluxograma de investigação da etiologia da baixa estatura é proposto na figura 1.


O papel da genética nas crianças com BE de causa desconhecida

Estudos recentes demonstram que a estatura final do adulto tem importante componente hereditário, sendo influenciada, sobretudo, pela combinação de diversos polimorfismos em genes associados ao crescimento linear. Dessa forma, quando se suspeita de uma etiologia genética para a BE em uma criança, deve-se levar em conta que a maioria dos casos se associa a alterações poligênicas, ou seja, à participação conjunta de múltiplas variantes, cada uma determinando, isoladamente, um pequeno impacto.

Alguns casos, por sua vez, derivam de alterações monogênicas e um número crescente de genes vem sendo identificado nos últimos anos. Para esses pacientes, está indicada a pesquisa genética por meio de painéis que analisam simultaneamente múltiplos genes associados à condição ou mesmo por meio do exoma.

Na prática, levantar a suspeita de uma etiologia monogênica nesse contexto constitui tarefa desafiadora, que, no entanto, pode ser mais bem sustentada por uma história familiar e um heredograma detalhados (Figura 1). Adicionalmente, algumas características fenotípicas sugerem defeitos genéticos específicos, a exemplo de baixa estatura não proporcionada, braquidactilia, dismorfismos faciais, entre outras.

A identificação de uma causa monogênica para a BE permite não somente um diagnóstico molecular preciso, como também acompanhamento personalizado da criança, investigação de comorbidades que possam se associar ao quadro, predição de resposta ao tratamento com hormônio do crescimento e aconselhamento genético do paciente e da família.

Para contribuir com esses casos, recentemente o Fleury Genômica introduziu em seu portfólio o painel genético para baixa estatura, que avalia 225 genes relacionados à condição por sequenciamento de nova geração (NGS). Adicionalmente, o exame também realiza a pesquisa de variantes patogênicas no gene SHOX utilizando as técnicas de Sanger e MLPA.

Vale, por fim, reforçar que a pesquisa de alterações monogênicas não substitui o cariótipo nem os testes baseados em microarray, usados nas suspeitas de aneuploidias, como a síndrome de Turner, e de anormalidades cromossômicas estruturais.

Ficha técnica

Painel genético para baixa estatura
Método
• Sequenciamento de nova geração (NGS)
• Permite a identifi cação de variantes de nucleotídeo único (SNV), pequenas inserções e deleções (indel), bem como variações no número de cópias (CNV) que compreendam três ou mais éxons dos genes estudados. A avaliação do gene SHOX é realizada por sequenciamento de Sanger e MLPA
Genes analisados
ACAN, ACTB, ACTG1, ADAMTS10, ALMS1, AMMECR1, ANKRD11, ARCN1, ARID1A, ARID1B, ATR, ATRIP, ATRX, B3GAT3, BCS1L, BLM, BMP2, BRAF, BRCA2, BRF1, BRIP1, BTK, CBL, CCDC186, CCDC8, CDC45, CDC6, CDKN1C, CDT1, CENPJ, CEP152, CEP57, CEP63, CHD7, COG4, COL10A1, COL11A1, COL11A2, COL1A1, COL27A1, COL2A1, COL9A1, COL9A2, COL9A3, COMP, CREBBP, CRIPT, CUL7, DHCR7, DNA2, DOK7, DONSON, DVL1, EP300, EPHX1, ERCC4, ERCC6, ERCC8,
EVC, EVC2, FANCA, FANCB, FANCC, FANCD2, FANCE, FANCF, FANCG, FANCI, FANCL, FANCM, FBN1, FGD1, FGF8, FGFR1, FGFR3, FN1, FOXP4, GGPS1, GH1, GHR, GHRHR, GHSR, GLI2, GLI3, GNAS, GPR161, H19, HDAC8, HESX1, HMGA2, HRAS, HSPG2, IDUA, IFT172, IGF1, IGF1R, IGF2, IGFALS, IGFBP1, IGFBP3, IHH, INSR, INTS1, INTS8, IRS1, KANSL1, KDM3B, KDM6A, KHDC3L, KMT2D, KRAS, LARP7, LFNG, LHX3, LHX4, LIG1, LIG4, LMNA, LZTR1, MAP2K1, MAP2K2,
MAPK1, MATN3, MCM5, MRAS, MTX2, NBAS, NBN, NF1, NHLRC2, NIPBL, NLRP2, NLRP5, NLRP7, NOTCH2, NPPC, NPR2, NRAS, NSMCE2, OBSL1, ORC1, ORC4, ORC6, OSGEP, OTX2, PADI6, PALB2, PAPPA2, PAPSS2, PCNT, PDE4D, PIK3R1, PISD, PITX2, PLAG1, PLK4, PNPLA6, POC1A, POP1, POU1F1, PPP1CB, PPP3CA, PRKAR1A, PRMT7, PROKR2, PROP1, PTH1R, PTPN11, PUF60, RAD21, RAD51, RAF1, RALA, RAP1B, RAPSN, RASA2, RBBP8, RIT1, RNPC3, ROR2, RPL10, RPS6KA3, RRAS, RRAS2, RTTN, SAMD9, SETD5, SGMS2, SHOC2, SHOX2, SLX4, SMARCA2, SMARCA4, SMARCAL1, SMARCB1, SMARCE1, SMC1A, SMC3, SOS1, SOS2, SOX11, SOX2, SOX3, SOX9, SPRED1, SPRED2, SRCAP, STAT5B, TALDO1, TBCE, TBX19, TBX2, TBX3, THRB, TOP3A, TRIM37, TRMT10A, UBE2T, VPS50 (CCDC132), WNT5A, WRN, XRCC4, ZFP57, ZNF668 e ZPR1
Amostra
• Sangue periférico (quando realizado nas unidades Fleury)
• Saliva ou swab de bochecha (quando realizado via plataforma Fleury Genômica, com envio de kit de coleta ao domicílio do cliente)


Consultoria Médica: 

Dr. Felinto Maia Neto
[email protected] 

Dra. Fernanda Picchi Garcia
[email protected] 

Dr. Gustavo Marquezani Spolador
[email protected] 

Dr. José Viana Lima Júnior
[email protected] 

Dra. Maria Izabel Chiamolera
[email protected] 

Dra. Patricia Debora C. Tosta Hernandez
[email protected] 

Dr. Pedro Saddi
[email protected] 

Dra. Rosa Paula Mello Biscolla
[email protected] 

Referência:

• Zhou E et al. Genetic evaluation in children with short stature. Curr Opin Pediatr. 2021 Aug 1; 33(4): 458-463.
• Zhao Q et al. Clinical and genetic evaluation of children with short stature of unknown origin. BMC Med Genomics. 2023 Aug 21; 16(1): 194.
• Collett-Solberg PF et al. Diagnosis, Genetics, and  erapy of Short Stature in Children: A Growth Hormone Research Society International Perspective. Horm Res Paediatr. 2019; 92(1): 1-14.
• Hernandez, Patricia Debora Cavalcanti Tosta. Como solicitar e interpretar exames para baixa estatura. In: Hernandez, Patricia. Algoritmos diagnósticos em Pediatria. Fleury Medicina e Saúde | Fleury Med. 2021. 2ª edição. p12-21.