A Artrite Reumatóide (AR) é uma doença sistêmica cuja característica mais marcante é uma poliartrite simétrica crônica e erosiva. É considerada uma das doenças autoimunes mais comuns, atingindo uma prevalência de até 1% na população geral. Embora seu diagnóstico seja eminentemente clínico, há considerável dificuldade em se identificar os elementos clínicos e radiográficos característicos nas fases iniciais da moléstia. Nessas circunstâncias a disponibilidade de um marcador diagnóstico sensível e específico seria altamente desejável. O Fator Reumatóide IgM (FR) tem sido utilizado há décadas com esta finalidade, entretanto chama a atenção a sua baixa especificidade, apenas de 59 a 65%, pois pode ser encontrado em diversas outras doenças reumáticas autoimunes, doenças infecciosas, neoplásicas e mesmo em uma considerável fração de indivíduos sadios. Ademais, o FR é detectado em somente 33% dos pacientes que se encontram na fase inicial da doença. Este é um ponto importante em vista do conceito atual de que o tratamento precoce e adequado dos pacientes é fundamental para redução da morbidade da AR.
A busca por marcadores diagnósticos alternativos mais eficazes para o diagnóstico de AR levou à descoberta dos anticorpos antiprofilagrina e antifilagrina na década de 90, que têm se mostrado mais específicos que o FR IgM. Esses são antígenos presentes em alguns tipos de epitélios ceratinizados, como mucosa oral humana e mucosa do esôfago de rato. Assim, uma das formas de detectar e identificar esses autoanticorpos é o teste de imunofluorescência indireta utilizando esses substratos. O anticorpo antifator perinuclear (APF) e o anticorpo antiestrato córneo de esôfago de rato, detectados pela técnica de imunofluorescência indireta, equivalem a anticorpos antiprofilagrina/filagrina (Figura 1). O APF tem sensibilidade e especificidade em torno de 70% e 90%, respectivamente. O anticorpo antiestrato córneo de esôfago de rato tem apresentado sensibilidade e especificidade em torno de 46% e 97%, respectivamente. A diferença no desempenho diagnóstico dos dois testes relaciona-se ao painel de epítopos apresentado por cada substrato.
A progressiva caracterização molecular desses antígenos revelou que os principais epítopos reconhecidos por esses autoanticorpos são peptídeos citrulinados. A citrulinação consiste na deiminação de um resíduo de arginina pela peptidilarginino deiminase (Figura 2), processo que ocorre abundantemente na profilagrina e filagrina. A ciclização de um peptídeo citrulinado contribui para melhor exposição dos epítopos relevantes. Os testes imunoenzimáticos recentemente desenvolvidos para dosagem de anticorpos anti-CCP (peptídeo citrulinado cíclico) têm demonstrado alta especificidade para o diagnóstico de Artrite Reumatóide em diversos estudos em diferentes etnias e condições sócio-econômicas (Tabela 1). Uma análise global de 8 estudos com pacientes europeus e norte-americanos evidenciou sensibilidade de 78% e especificidade de 96% para os anticorpos anti-CCP contra sensibilidade de 74% e especificidade de 65% para o FR IgM. Ademais, vários estudos têm demonstrado que os anticorpos anti-CCP ocorrem precocemente no curso da doença, podendo até mesmo preceder a eclosão clínica da mesma.
Assim, os anticorpos antiprofilagrina/filagrina e anti-CCP aparecem como uma alternativa de marcador imunológico específico para o diagnóstico da Artrite Reumatóide, especialmente útil para a abordagem das formas iniciais em que a doença não está plenamente desenvolvida. Além de sua propriedade diagnóstica, alguns autores têm sugerido que os anticorpos antifilagrina/anti-CCP têm valor prognóstico baseado em estudos que mostraram associação dos mesmos com formas mais erosivas da doença.
Consultoria médica
Dr. Luis Eduardo Coelho Andrade
Dr. Sandro Felix Perazzio
Dr. Alexandre Wagner Silva de Souza
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