PET-CT com 18FDG ajuda a manejar a sarcoidose, do diagnóstico à avaliação de resposta terapêutica

As imagens de PET-CT com 18FDG, oferecem uma forma não invasiva de avaliar atividade inflamatória

A sarcoidose é uma doença granulomatosa de etiologia desconhecida e com amplo espectro de sintomas, caracterizada pela formação de granulomas não caseosos, afetando, preferencialmente, os linfonodos mediastinais e o parênquima pulmonar,
embora possa acometer outros órgãos. Os biomarcadores clínicos, laboratoriais e de imagem podem ser usados no diagnóstico e acompanhamento dos pacientes, porém
apresentam limitações. Os padrões variam entre os diversos indivíduos, a fase da doença ou os órgãos acometidos, bem como entre o grau de inflamação e os tratamentos instituídos.

Como as imagens de PET-CT com 18FDG (glicose marcada com flúor-18) oferecem uma forma não invasiva de avaliar atividade inflamatória pela demonstração de aumento do
consumo de glicose pelas lesões, o exame configura ótima opção para estadiar a sarcoidose, mostrando maior extensão de acometimento que os métodos de imagem convencionais.

Por avaliar o corpo inteiro, a 18FDG-PET permite selecionar o local com processo inflamatório mais ativo para a realização de biópsia percutânea diagnóstica. Também evidencia lesões mais acessíveis para biópsia, sobretudo em casos de órgãos de difícil acesso, como coração, olhos ou sistema neurológico. Para completar, as imagens funcionais do método são combinadas a imagens anatômicas de tomografia, o que
aumenta sua acurácia.

Uma vez que o grau de captação, medido por standardized uptake value (SUV), é proporcional à inflamação, o exame ainda configura uma opção para mensurar a resposta à terapêutica.

No coração
O envolvimento cardíaco é clinicamente diagnósticado em 5% dos pacientes com sarcoidose sistêmica, porém está presente em até 25% nos estudos de autópsia. Em geral, a gravidade de tais casos define a mortalidade.

As principais manifestações da sarcoidose cardíaca incluem arritmias ventriculares (taquicardia ventricular), insuficiência cardíaca e anomalidades no sistema de condução,
podendo ser a morte súbita a apresentação inicial. Por conta disso, há enorme interesse em identificar pacientes com maior risco para esses resultados adversos.

O diagnóstico é desafiador e exige, além da clínica, exames como a ressonância magnética cardíaca e, em especial, a 18FDG-PET, que se tornou a pedra angular na investigação, no monitoramento da progressão da doença e, principalmente, no controle terapêutico.

A atividade do marcador no miocárdio significa que o processo inflamatório está em atividade, sendo sua extensão e intensidade associadas a eventos adversos na evolução.
Contudo, vale lembrar que, para essa avaliação, é fundamental o preparo adequado com dieta de alto teor de gordura, sem carboidratos, além de jejum prolongado.

Estudos anteriores demonstraram que um exame positivo de 18FDG-PET se relaciona a maior risco de taquicardia ventricular e morte cardíaca súbita. Dois achados importantes
no prognóstico são áreas de mismatch (hipoperfusão com atividade metabólica preservada) e captação de 18FDG no ventrículo direito. Outros autores também
sugeriram que a extensão e a gravidade do mismatch, a heterogeneidade da captação de marcador no miocárdio e a magnitude da área de fibrose foram prognosticamente
associados a mortalidade por todas as causas, transplante cardíaco ou arritmias complexas que requerem desfibrilação.

Nos exames seriados de 18FDG-PET, a captação residual na área cardíaca sugere processo ainda em atividade, devendo ser alvo de terapia imunossupressora adicional, enquanto a extensão do defeito de perfusão (área de fibrose) tem valor prognóstico.


CONSULTORIA MÉDICA

Dr. Marco Antonio Condé de Oliveira
[email protected]

Dra. Paola Smanio
[email protected]